Uma das séries de maior sucesso e venda do Japão finalmente voltará ao Brasil, estamos falando de Slam Dunk!
Inicialmente lançado pela editora Conrad entre 2005 e 2007, Slam Dunk foi parte da primeira leva nacional de mangás, junto com Cavaleiros dos Zodíacos, Blade, Vagabond, Dragon Ball e outros. Após os problemas enfrentados pela editora, que deixou Vagabond (obra do mesmo autor) órfão, Slam Dunk foi só mais uma série que todo mundo esperava um dia ser adotada por alguma outra editora.
Em 2015, com a editora Panini firmando um contrato de exclusividade com as obras do autor, tendo anunciado Vagabond, a esperança de vermos a volta de Slam Dunk cresceu. Não tardou e a editora tornou a se pronunciar e licenciá-lo, criando agora mais uma esperança que as boas vendas possam trazer também outras obras do autor, especialmente Real.
Mas o post de hoje é sobre seu primeiro sucesso e um dos maiores shounens de esporte da história, vamos lá!
Visão Geral
“Um dos maiores shounens de esporte da história” não é um pouco exagerado não? Na verdade, nem um pouco. Antes de One Piece roubar os louros em 2002 como a série de maior venda por volume, Slam Dunk foi quem manteve essa posição durante 8 anos. E, ainda hoje, as únicas séries que já conseguiram passar o seu sucesso foi exatamente One Piece e Ataque dos Titãs.
Ainda mais surpreendente que Slam Dunk é, como dito, um shounen de esportes (especificamente de basquete) que, embora tenha uma boa fama no Japão, geralmente perde para os shounens de luta e de aventura, como Naruto, Bleach, Dragon Ball, Fairy Tail e os dois acima. De fato, o segundo maior shounen de esportes é H2 de Mitsuru Adachi, com o ápice de 1,5 milhões de cópias no volume 17, contra 0s 2,5 milhões de Slam Dunk no volume 21. E olha que Adachi acaba também sendo uma exceção, a maioria não chega na casa dos milhões. Kuroku no Basket, por exemplo, outro mangá de basquete bem famoso e publicado por aqui, teve o máximo de 1 milhão de cópias no volume 21.
No total, Slam Dunk já ultrapassou os 120 milhões de volumes vendidos no mundo, contando quaisquer versões e relançamentos.
O fato de um mangá de um autor até aquele momento relativamente desconhecido de uma categoria não tão famosa assim chegar a essas alturas é por si só de impressionar. E a fama foi tão grande que impulsionou milhares de jovens a se interessar pelo basquete, recebendo um prêmio em 2010 pela Associação Japonesa de Basquete exatamente por ter sido tão importante na popularização do esporte no país na época de seu lançamento.
E como Slam Dunk conseguiu essa proeza? É verdade que o autor estava no lugar certo e na hora certa, com a Shounen Jump em seu ápice. Todas as semanas as novas revistas traziam Samurai X, Yu Yu Hakusho, Dragon Ball, Dragon Quest e vários outros de fama inquestionável. Estar no meio de obras desse naipe com certeza deu ao autor a chance que ele precisava, até ele mesmo virar o carro-chefe da revista.
Entretanto, sorte ou não, não dá para chegar a esse nível sem habilidade alguma, no caso de Slam Dunk sua fama vem com certeza da união entre comédia e boa história, mais a uma arte realista, expressiva e com ótimas composições de cena.
História e Temática
Slam Dunk é uma história de premissa muito simples na verdade, um novo ano está começando e o clube de basquete do colégio Shohoku se encontra em uma situação delicada: precisa urgentemente de novos jogadores. Enquanto isso, Hanamichi Sakuragi começa mais um ano escolar sendo rejeitado pela quinquagésima vez por uma garota, mas sua sorte muda quando ele conhece Haruko, a irmã do atual capitão do time de basquete que reconhece no rapaz o corpo de um atleta em potencial. Surpreso com a atenção da moça, Sakuragi cai de amores e passa a tentar impressioná-la e após uma certa resistência ele se une ao time de basquete. A partir daqui você acompanha as trapalhadas do infantil rapaz e seu time para lá de problemático.
A principal fonte de risos na história é exatamente Sakuragi que vive quase numa realidade alternativa em sua mente, ele se acha o melhor jogador do mundo e vive em rixas infantis e ridículas com seus próprios companheiros de time, especialmente Kaede Rukawa, o “gatão” do time, por quem Haruko claramente tem uma queda.
A série também conta com vários outros personagens carismático e com suas próprias histórias e problemas, sejam companheiros de time ou rivais de outros colégios, é claro sempre acompanhado da visão distorcida e absurda de Sakuragi, que acha que todo mundo deveria estar beijando o chão por onde passa.
Um lado interessante da história é o fato de não ser usado qualquer tipo de superpoder ou habilidades especiais, sendo bem realista, é claro que há todo um talento anormal em certos personagens, mas todos eles apresentam limitações claras, cometem erros, se cansam, sentem dor e sofrem ferimentos, além de treinar incansavelmente. Alguns até são exatamente pessoas normais e sem nenhum talento, mas que treinam e se esforçam para chegar lá e fazer a sua parte.
Essa ideia de “conquista através do esforço” é exatamente um dos pilares da história, aquilo de que através do esforço, disciplina e perseverança a pessoa conseguirá atingir seus objetivos. Um conceito um pouco inocente demais, mas levemos em consideração que foi escrito para o público infantojuvenil. Mas talvez por isso mesmo tenha levado crianças de todo Japão a começar a jogar basquete elas mesmas.
Arte e Polêmica
Como dito anteriormente, a arte realista e expressividade do traço do autor são pontos muito importantes da obra. Houve todo um cuidado de desenhar a anatomia e movimentações corporais de forma correta e realista, de passar todo o sentimento de estar em quadra ou de estar assistindo um jogo ao vivo. E como o autor fez isso? Infelizmente se usando de uma tática não muito legal, o tracing. De fato, em certo momento, bem depois de sua publicação, perceberam que as posições dos personagens na obra eram idênticas às fotos de jogadores norte-americanos da NBA (fotos essas protegidas por copyrights). As comparações chegaram a causar certa polêmica, mas foi feito um acordo entre o autor e a NBA, resolvendo o assunto.
Segundo o autor, as “cópias” não foram feitas na má fé, ele tinha a intenção de produzir uma arte que passasse a emoção dos jogos e jogadores e não pensou nas consequências que poderia causar para a NBA e seus jogadores.
Quem conhece o mercado japonês de mangá sabe bem como os autores vivem numa imensa correria, ainda mais em lançamentos semanais (como é o caso de Slam Dunk), forçando os autores a irem atrás de meios alternativos e rápidos para material de referência e pesquisa. De fato, plágio e tracing aparecem o tempo todo no Japão, os tracing de fotos acabam sendo especialmente complicados de se identificar, mas aqui e ali o pessoal pega os autores utilizando-se da técnica, como em Ajin. Se isso acaba sendo um demérito ou não, fica por sua conta. Abaixo selecionamos algumas imagens mostrando as similaridades.
Adaptações
O mangá deu origem a algumas adaptações em outras mídias, especialmente um anime de 101 episódios, quatro filmes e até videogames baseado no universo de Slam Dunk.
Infelizmente o Crunchyroll não possui a licença do anime para o Brasil, quem sabe isso possa mudar com a popularização da obra, mas por enquanto a única forma de ter acesso é via fansubs e outras formas de pirataria.
Autor
A série é escrita e ilustrada por Takehiko Inoue. Se o nome lhe parece familiar é porque ele é também o autor de Vagabond, atualmente sendo publicado também pela editora Panini.
Além dos dois, o autor também possui mais duas séries sobre basquete: Real (ainda sendo publicado) e Buzzer Beater, além de ter publicado Chameleon Jail (sua primeira série de vários capítulos) e mais um punhado de pequenas histórias aqui a ali.
É um dos autores mais bem sucedidos no Japão e no ocidente. Suas obras Vagabond, Slam Dunk e Real estão na lista de mangás mais vendidos no Japão, fazendo dele o único autor a ter três obras ou mais que passaram do 1 milhão de cópias impressas por volume, um feito impressionante. Especialmente considerando que Vagabond e Real são seinens, um público geralmente limitado que dificilmente ultrapassa a casa do milhão. Somando ao fato de Slam Dunk também ser de uma categoria que raramente entra nos milhões (como comentamos lá em cima), temos aqui um autor que não só conseguiu 3 séries na lista dos mais vendidos da história, como três séries em categorias que raramente chegam nessa lista para começo de conversa. Goste ou não do autor, mas não tem como não respeitar e tirar o chapéu.
Também ganhou diversos prêmios por suas obras de diversas premiações diferentes, entre eles: Slam Dunk venceu a categoria Shounen de 1995 da premiação Shogakukan Manga Award, Vagabond venceu na categoria Grande Prêmio de 2000 da Japan Media Arts Festival Awards, na categoria Grande Prêmio de 2002 da Tezuka Osamu Cultural Prize, na categoria Geral de 2000 da Kodansha Manga Award e Real venceu na categoria de Excelência em 2001 da Japan Media Arts Festival Awards, além dos vários prêmios recebidos nos Estados Unidos, França e até Brasil.
Curiosidade inútil, esse homem já está para fazer 50 anos em janeiro e continua tendo essa cara jovial de 30 anos… Injustiça esses japoneses que não envelhecem…

Ficha Técnica
Nome original: SLAM DUNK
Autor: Takehiko Inoue
Revista: Weekly Shounen Jump
Gênero: Shounen de Esporte e Comédia
Editora original: Shueisha
Período de publicação: 1990 a 1996
Número de volumes: 31 volumes
Conclusão
Slam Dunk é uma ótima obra para descontrair e gargalhar, longe de ter uma história pesada ou questionadora. É o tipo de história que você lê rápido e fica frustrado que já acabou, querendo acompanhar mais das palhaçadas do Sakuragi.
O mangá sairá por aqui em breve (ou é o que esperamos). Previsto inicialmente para junho de 2016 e com preço de R$ 15,90, ele foi adiado devido a pedidos de alterações de formato feitos pelo próprio autor. A Panini, até o momento em que essa postagem é escrita, ainda não revelou quais alterações seriam essas, mas provavelmente afetarão o preço…
Se você nunca leu ou assistiu o anime, dê uma chance ao volume 1, quem sabe você também encontre no título um novo vício.
[…] Na obra acompanhamos Hanamichi Sakuragi e seu envolvimento com a equipe de basquete do colégio Shohoku. Caso queira conhecer mais a obra e alguns detalhes da história, temos já uma postagem no blog^^. Para ler basta clicar aqui. […]
[…] criminalizar. De fato, tracing é usado o tempo todo com fotos, tanto no passado, como os casos de “Slam Dunk” e as fotos da NBA, tanto no presente, com o autor de “Ajin” utilizando fotos do autor Hugh […]
Nossa, estava mto interessado em Slam Dunk desde quando vi pela primeira vez que seria relançado, mas depois de ler esse post fiquei ate super ansioso para que saia logo… Tomara que não demore!!!
Vcs podiam fazer um similar dos clássicos Lobo Solitário, Akira e GiTS que estão programados para serem re/lançados tbm hein rsrs
Sempre achei que fosse o único que tinha esse sentimento de “quero mais” quando termina de ler alguma obra boa. Parece que fica um vazio na pessoa, como se algo não fizesse mais parte dela no dia a dia…
Mas sobre o mangá Slam Dunk em questão, eu não vejo a hora de conhece-lo. Pelos traços do mangá, seria interessante vir no mesmo formato de Vagabond, Naruto Gold, Berserk, One Punch-Man, etc.
Apesar de colecionar Kuroko, não costumo gostar de animes ou mangas de esporte, sendo kuroko a exceção (detesto Prince of Tenis e Baby Steps por exemplo e do quase nada q vi em Haikyuu tbm não gostei), Slam Dunk eu vou dar uma chance por dois motivos, comedia realmente divertida e o traço do Inoue. Ainda mais em offset!!
pelo preço, deve vir em offset. eu vo comprar pelo menos o numero 1
Peguei a coleção emprestada de um amigo uns anos atrás e depois que comecei a ler simplesmente não consegui parar mais! Como não pude colecionar a da Conrad, fico feliz de ter uma nova chance de pegar o mangá agora.
Eu nunca li nem assisti nada de esporte, foi só recentemente que descobri que geralmente, tem uns super poderes no meio da história… mas é interessante saber que Slum Dunk não tem disso
não sei se vou comprar ainda, estão adiando e adiando cada vez mais, já nem sei o que pensar direito, talvez usar a velha estratégia de pegar os dois primeiros volumes antes de esgotar
Haikyuu!! também não tem nada de super poderes, o que enobrece ainda mais a obra. Dê uma chance para esse também.
Haikyuu!!também é uma ótima obra e sem esses super poderes. Dê uma olhada depois.
H2 um sucesso maior que Touch?
Na verdade, a lista de “Best Sellers” é feito a caráter ilustrativo por fãs e tal, utilizando os dados de tiragens iniciais (first print edition) que são revelados durante sua publicação. É um puta trabalho de grupo já feito há anos.
O problema é que coisas mais antigas às vezes não tem seus dados revelados ou simplesmente se perdem, de Adachi tem Miyuki, H2, Mix, Life, Slow Step na lista. Touch não aparece, mas é fato de que Touch vendeu mais de 100 milhões ao todo (compare aos 120 de Slam Dunk). Sendo que Miyuki chegou a ter 2 milhões de tiragem, é muito provável que Touch também esteja por aí, a Shogakukan só nunca se deu ao trabalho de informar.
A teoria é que Miyuki tenha vendido mais, por isso foi divulgado, mas sem nenhum dado concreto é impossível saber se H2 e Miyuki fizeram mais sucesso ou não.
Infelizmente a lista de “Best Seller” só pode computar coisas que tiveram suas tiragens reveladas e por uma fonte oficial, coisas recentes e da Jump tem dados super em dia (a Jump fala o tempo todo os valores), coisas antigas e das editoras menores nem sempre. =/
Obrigado pela resposta.
So estava curioso.